RELEITURAS - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

Aos lermos um poema que tenha algo de marcante, nos surpreendendo quanto a mensagem, nos fazendo vagar ao enlevo das palavras, acende em nossa mente o desejo de nos estendermos através daquele momento e com o autor travar um sublime diálogo de emoções.

O projeto Releituras é a expressão emotiva de um poema permanecendo através de novos textos com as características que cada leitor-poeta traz em sua visão pessoal; interpretando, opinando, redirecionando e multiplicando o poema em foco.


poema:


Soneto LXXI
(Cláudio Manuel da Costa)

 Eu cantei, não o nego, eu algum dia
Cantei do injusto amor o vencimento
Sem saber, que o veneno mais violento
Nas doces expressões falso encobria
 
Que amor era benigno, eu persuadia
A qualquer coração de amor isento
Inda agora de amor cantara atento,
Se não lhe conhecera a aleivosia
 
Ninguém de amor se fie: agora canto
Somente os seus enganos; porque sinto,
Que me tem destinado estrago tanto
 
De seu favor hoje as quimeras pinto:
Amor de uma alma é pesaroso encanto;
Amor de um coração é labirinto
 


Releituras 

RELEITURAS - Rimbaud

Aos lermos um poema que tenha algo de marcante, nos surpreendendo quanto a mensagem, nos fazendo vagar ao enlevo das palavras, acende em nossa mente o desejo de nos estendermos através daquele momento e com o autor travar um sublime diálogo de emoções.

O projeto Releituras é a expressão emotiva de um poema permanecendo através de novos textos com as características que cada leitor-poeta traz em sua visão pessoal; interpretando, opinando, redirecionando e multiplicando o poema em foco.

poema:


Vogais
(Rimbaud)
 
A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul:
vogais de vós direi as matizes latentes:
A, peludo corpete de luzentes
moscas volteando em pútrido, cruel paúl,
 
golfos de sombra; E, tendas, graças dos vapores,
lanças do gelo, brancos reis, tremor de umbelas;
I, púrpuras, hemoptises, rir de bocas belas
na cólera, em remorsos embriagadores.
 
U, ciclos, vibrações divinas do verdeado
mar, paz dos apascentos, paz do enrugado
que a alquimia imprime às fontes sobre os fólios;
 
O, supremo Clarim, cheio de silvos fundos,
silêncios trespassados de anjos e de Mundos:
- O de Ômega, raio violeta dos seus olhos.
 

RELEITURAS 
 

RELEITURAS - Giorgios Seferis

Aos lermos um poema que tenha algo de marcante, nos surpreendendo quanto a mensagem, nos fazendo vagar ao enlevo das palavras, acende em nossa mente o desejo de nos estendermos através daquele momento e com o autor travar um sublime diálogo de emoções.

O projeto Releituras é a expressão emotiva de um poema permanecendo através de novos textos com as características que cada leitor-poeta traz em sua visão pessoal; interpretando, opinando, redirecionando e multiplicando o poema em foco.

poema:

Fuga 
(Giorgios Seferis)
 
 Era isso nosso amor;
 Falava, voltava, trazia-nos
 Uma pálpebra baixa, infinitamente distante,
 Um sorriso petrificado, perdido
 Na relva da manhã;
 Uma concha estranha que nossa alma
 Tentava decifrar a todo instante.
  
 Era isso o nosso amor, progredia lentamente
 Tateando entre as coisas que nos envolvem,
 Para explicar por que recusávamos a morte
 Tão apaixonadamente.
 
 Embora nos agarrássemos a outras cinturas,
 Enlaçássemos outras nucas, loucamente
 Confundíssemos nosso hálito
 Ao hálito do outro,
 Embora fechássemos os olhos, era isso nosso amor...
 Nada mais que o profundíssimo desejo
 De suspender nossa fuga.
 
 
Releituras